terça-feira, 18 de outubro de 2016

Choking Game: o jogo da asfixia

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          O recente falecimento do adolescente Gustavo Detter, em função do jogo da asfixia, chocou e impôs alguns questionamentos ao país inteiro. Isso porque tal tragédia evidenciou o quanto os nossos jovens estão exposto ao lado obscuro da rede mundial de computadores. O Choking Game não tem feito vítimas apenas no Brasil, mas também pelo mundo inteiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o jogo da asfixia já causou cerca de 80 mortes.
          No jogo da asfixia, os participantes são desafiados a recorrerem a objetos que cortem o fornecimento de oxigênio para o cérebro até que ocorra o desmaio. Posteriormente a isso, os “jogadores” acordam eufóricos. Infelizmente, assim como ocorreu com Gustavo Detter, muitos jovens não retornam após o desmaio. Segundo Claudio Tinoco, cardiologista do Hospital Pró-Cardio, a falta de oxigenação no organismo pode causar parada cardíaca ou lesão no cérebro com sequelas permanentes. Em casos mais críticos, ocorre a morte cerebral.
        As características próprias do período da adolescência tornam os jovens mais suscetíveis a desafios de risco. Além disso, o modismo e a supervalorização das opiniões dos amigos acabam, constantemente, fazendo com que o jovem sinta a necessidade de tentar provar aos colegas o quanto pode ser infalível. Diante disso, cresce o compromisso não somente dos pais, mas também o compromisso da comunidade inteira com os jovens. Segundo Gabriela Malzyner, psicanalista e professora do Centro de Estudos Psicanalíticos, os pais são os responsáveis pelos filhos, mas todos precisam estar atentos aos sinais emitidos pelos jovens.
          Portanto, para poder agir contra a disseminação dos jogos de risco, como o jogo da asfixia, por exemplo, faz-se necessário que pais e filhos consigam desenvolver, na relação familiar, um vínculo de confiança mútua. Além disso, é preciso também que a comunidade não assuma uma postura omissa diante dos perigos de determinados jogos online. Ao adotarmos tais posicionamentos, poderemos ir desarmando, por meio do diálogo, as armadilhas do lado obscuro da rede mundial de computadores. 



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Publicado:


Diário de Santa Maria, RS - Outubro/2016





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Jornal do Comércio, RS - 25/10/2016






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domingo, 9 de outubro de 2016

Dia do Médico

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"Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.


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        “Eu, solenemente, juro consagrar a minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade”. Por meio desse trecho do Juramento atribuído a Hipócrates (considerado amplamente o pai da medicina ocidental) podemos perceber não só a importância da profissão médica, mas também as responsabilidades inerentes a essa carreira profissional. Sim! Existem muitas versões do referido juramento. Entretanto, ainda que existam outras versões, todas elas apontam para um caminho em comum: a construção de uma medicina responsável e, principalmente, humanitária.
          O médico precisa saber compreender e acolher ao indivíduo que procura por um atendimento. Ademais, ao exercer a medicina, o profissional da saúde precisa ter humanidade para tratar cada paciente como um ser humano único. Além disso, mais importante do que estar atento ao que o paciente diz, é ter a habilidade para conseguir ouvir o que o paciente não consegue externar com palavras. Tomar tal postura não se evidencia como uma tarefa fácil. Isso porque o cotidiano de um médico, não raro, é carregado de empecilhos, provocados, principalmente, pelo descaso do Estado com o nosso Sistema Único de Saúde. Entretanto, ao escolher a medicina, como carreira profissional, o indivíduo, no mínimo, já estava ciente dos empecilhos que precisaria enfrentar.
           Além disso, aquele que escolhe a medicina, como carreira profissional, precisa ter humildade para assimilar o fato de que o médico não trabalha sozinho. Prova disso são as equipes multiprofissionais nos ambientes hospitalares, nos grupos de apoio ao setor da saúde e no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo. A medicina permanece em constante aperfeiçoamento. Nessa dinâmica de trabalho em equipe, o médico ganha a oportunidade de aprender com os profissionais de outras áreas da saúde. Assim como os profissionais, das mais variadas áreas da saúde, podem aprender no contato com o médico.
           No próximo dia 18 de outubro, portanto, quando for celebrado o Dia do Médico, que possamos refletir e possamos também buscar alternativas para que a medicina se torne cada vez mais centrada no paciente e no desenvolvimento do trabalho em equipe. Além disso, que seja cumprido pelos médicos cada trecho do Juramento de Hipócrates. Principalmente, o trecho que diz o seguinte: “Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza”.


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Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - Outubro/2016