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Falar sobre suicídio não estimula um
indivíduo a desistir da vida. Pelo contrário, ao falarmos sobre suicídio, damos
ao indivíduo angustiado uma oportunidade para que fale a respeito daquilo que
lhe está causando dor e sofrimento. Ao evitarmos falar sobre suicídio, deixamos
de estender a mão a alguém que sofre. Ainda que não sejamos um (a) psicólogo (a)
nem um (a) psiquiatra, por meio da empatia, podemos perceber, quando uma pessoa
está sendo acometida por um sentimento de angustia/ansiedade/tristeza. Após
prestarmos o acolhimento inicial, precisamos incentivá-lo (la) a procurar por
ajuda profissional.
O suicídio e a tentativa de consumar
o ato são questões de saúde pública. Além do esforço do Poder Público, faz-se
necessário que a sociedade também faça a parte dela. É imprescindível que a
sociedade busque informações a respeito das tentativas de suicídio e dos atos
consumados. Ao buscar informação, a sociedade melhor saberá acolher ao
indivíduo que pensa em desistir da vida. Além disso, saberá, por exemplo, como
identificar os sinais de alerta e como proceder diante desses sinais. A maioria
das pessoas, que pensam em suicídio, não querem desistir da vida, querem se
afastar da angústia e do sofrimento. Segundo a psiquiatra Fabiana Nery, o
suicídio é um sintoma de uma doença base e, assim sendo, ao tratar a causa
primária desse sofrimento, o indivíduo se afasta do desejo de desistir da vida.
O pacto de silêncio não auxilia, em
nada, quando o assunto é a prevenção do suicídio. Além de orientar ao indivíduo
– que passa por uma fase de angustia e sofrimento – a procurar ajuda
profissional, precisamos também, por meio da informação, trabalhar pelo fim do
preconceito em relação aos indivíduos que sofrem em função de um transtorno
mental. O indivíduo angustiado não precisa de julgamento, mas, sim, de
acolhimento e respeito. Tal acolhimento pode ter início por meio de um olhar
atencioso e empático ou por meio de uma mensagem de ânimo e de otimismo, por
exemplo. Como podemos perceber, existem várias formas de colaborar para que um
ser humano não vá embora antes da hora.
Que possamos – não somente no mês de
setembro, mas também durante o ano inteiro – refletir a respeito das ações
pelas quais poderemos melhor acolher ao sofrimento do próximo. Ressalto aqui o
trabalho diário e gratuito, exercido pelo Centro de Valorização da Vida
(CVV-188), apoiando e acolhendo aos indivíduos que lutam, de forma aguerrida,
pela vida. Ressalto também o empenho e a dedicação dos (das) terapeutas, dos
(das) psicólogos (as) e dos (das) psiquiatras na luta pela proteção da vida.
Por fim, direciono-me, em especial, aos leitores que estão passando por uma
fase difícil na vida: peço que não desistam, peço que procurem por ajuda. Podem
ligar gratuitamente para o CVV, discando 188. Assim como podem também procurar
a Unidade Básica de Saúde mais próxima para que seja feito o encaminhamento ao
serviço de saúde especializado.
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