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Predominantemente, sexo masculino, idade
entre 14 e 40 anos, desempregado (a), morador (a) de áreas urbanas, portador
(a) de quadro de depressão e/ou vítima de instabilidade familiar. Tais
condições representam alguns dos principais fatores de risco para o suicídio.
Ressalto que a ausência de algum desses fatores não representa a inexistência
de planejamento e/ou de uma possível tentativa de suicídio. Diante do Setembro Amarelo e da necessidade do
debate a respeito da prevenção ao suicídio, faz-se necessário que a população,
em geral, busque, cada vez mais, informação a respeito do tema saúde mental para que, de maneira mais
humana e efetiva, consiga compreender e acolher ao sofrimento do próximo.
As pessoas, em geral, infelizmente,
estão cada vez mais distantes umas das outras. Em razão disso, já não conseguem
identificar o grito escondido no olhar distante, assim como não conseguem
reconhecer o desânimo por trás de um sorriso entristecido, por exemplo. Não é
preciso ser um especialista em linguagem corporal para perceber que algo pode
não estar bem no universo de uma pessoa, basta empatia para observá-la. Diante
do atual cenário, não raro, regido pela indiferença, precisamos (re) aprender a
nos conectarmos genuinamente uns com os outros. Maior exemplo da nossa falsa proximidade
reside nas redes sociais. Nesses ambientes, ainda que tenha milhares ou milhões
de seguidores, frequentemente, os indivíduos se sentem extremamente sozinhos.
Nesse contexto, o Setembro Amarelo nos convida, primeiramente, a dar um mergulho
no interior de nossa existência para que possamos descobrir, a partir de que
momento, como sociedade, passamos a agir com indiferença diante do sofrimento
alheio.
Diante da suspeita de que alguém possa
estar cogitando a possibilidade do suicídio, primeiramente, não podemos correr
o risco de subestimar a gravidade do quadro. Ademais, precisamos, inicialmente,
tentar estabelecer um diálogo franco e sem julgamento. Dessa maneira, a criação
do vínculo, por meio do diálogo, poderá ocorrer de maneira mais efetiva. Em uma
primeira abordagem, não precisamos ser necessariamente psicólogos (as) ou
psiquiatras. Posteriormente, ao primeiro diálogo direto e respeitoso,
precisamos incentivar ao indivíduo a procurar por ajuda profissional. Ressalto
aqui que, em caso de emergência, o serviço do SAMU precisa ser acionado.
Ressalto ainda que falar sobre a prevenção ao suicídio, ao contrário do que
muitos pensam, não incentiva ao indivíduo a cometer tal ato. Pelo contrário,
possibilita aos indivíduos a chance de expor a dor que sente.
A prevenção do suicídio, portanto, não pode se
restringir apenas ao mês de setembro. Precisamos, a todo instante, estar
atentos ao ânimo de todos que estão ao nosso redor. Precisamos também lutar
para que a superficialidade, das falsas interações, não substitua a conexão genuína
da vida real. Momentaneamente, há a necessidade do distanciamento social em
razão do coronavírus. Entretanto, assim que as circunstâncias melhorarem,
poderemos nos aproximar novamente uns dos outros e poderemos também viver de
modo que a conexão da vida real seja edificada dia após dia. Por fim, não
podemos esquecer que o acolhimento efetivo nasce da vontade franca de
compreender ao próximo e da busca constante pela informação.
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