domingo, 22 de maio de 2016

Estamos sendo negligentes - Maio / 2016

          Imagino que a sociedade tenha ficado assustada com a confirmação da primeira morte em função do vírus H1N1 em Santa Maria. Esse susto deve ter sido ainda maior, porque o primeiro óbito foi de uma aluna do curso de medicina da UFSM. Se houve negligência ou não por parte do HUSM, a Polícia Federal, segundo o Portal G1, averiguará o caso. Hoje, entretanto, não escrevo para dissertar a respeito dessa suspeita de negligência, mas, sim, para tecer comentário a respeito dos casos confirmados de negligência.
          No que tange ao nosso sistema de saúde, percebo que existem pelo menos três grupos agindo frequentemente de forma negligente: um grupo representado pela população, outro pelos profissionais da área da saúde e o terceiro grupo representado pelos agentes do Estado. A população, em geral, negligencia, quando deixa de cobrar os direitos que tem, quando acha que o SUS é gratuito e que, por isso, não pode exigir muito. O Sistema Único de Saúde é sustentado pelo suor dos próprios cidadãos. Não se trata de uma bondade do Estado. Tal fato justifica o porquê das consultadas agendadas pelo SUS não poderem ser cobradas. Sendo assim, o cidadão tem o direito de cobrar um atendimento de qualidade.
       Os profissionais da área da saúde agem de forma negligente, quando se afastam da população, quando mantêm certo distanciamento dos cidadãos. Isso porque, ao não dialogar como deveriam com a população, deixam de informar ao cidadão a respeito das mazelas que assombram o nosso sistema de saúde. Tais como a falta de recursos para proporcionar melhorias nos hospitais públicos, falta de verba para a compra de medicamentos/vacinas e a falta de recurso para empreender melhorias, nas universidades públicas, principalmente, nos cursos da área da saúde, por exemplo.
          Além disso, o Estado, por sua vez, negligencia quando insiste em investir nos setores que, provisoriamente, não se evidenciam como uma prioridade máxima para o país: os Jogos Olímpicos, por exemplo. De nada adianta carregar uma medalha de ouro no peito, se teremos vários óbitos, por negligência, nas costas. Usei a primeira pessoa do plural, porque a negligência não nasce de um ponto isolado, mas sim de uma teia de irresponsabilidades. Nessa teia está presente a população, os profissionais da área da saúde e o Estado.
          Portanto, essa cadeia de negligências diárias, só terá fim, quando percebermos que a área da saúde funciona como um “quebra-cabeça”. Sendo assim, precisamos enxergar que, cada um de nós precisa cumprir a sua respectiva função, para que possamos afastar do nosso “quebra-cabeça” a “peça da negligência”.       


Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - Maio de 2016  

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