quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Ataque é a pior defesa

"Nas grandes cidades do pequeno dia a dia / O medo nos leva a tudo / Sobretudo a fantasia / Então erguemos muros que nos dão a garantia / De que morreremos cheios de uma vida tão vazia..."

(Muros e Grades - Engenheiros do Hawaii)



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          O homem se tornou um especialista na identificação do mal no dia a dia, mas perdeu a habilidade de reconhecer a bondade humana nos pequenos eventos do cotidiano. Em função disso, constrói muros e assume uma postura defensiva para rebater toda e qualquer possível ameaça.
          O comportamento defensivo do homem é compreensivo, visto que, não raro, recebe bombardeios na forma de informações negativas, como notícias a respeito do avanço da corrupção no cenário nacional ou comunicados que informam a ocorrência de mais algumas decapitações no Oriente Médio. Diante disso, na mente humana, nascem preocupações e desconfianças excessivas. Em decorrência dessas, o ser humano, frequentemente, ataca: não por maldade, mas por medo de uma “possível ameaça”.
          Devido a essa animalização do homem, lembrei-me de algumas palavras que escutei no filme de Charlie Chaplin O Grande Ditador: “Mais do que maquinários, precisamos de humanidade; mais do que inteligência, precisamos de bondade e compreensão. Sem essas qualidades, a vida será violenta e estaremos todos perdidos”. Se tais palavras tivessem sido compreendidas, certamente, o homem abandonaria a postura defensiva que evidencia. Isso porque ele reaprenderia a confiar no outro e a identificar atos de bondade no cotidiano. Dessa forma, não interpretaria toda e qualquer situação como uma circunstância perigosa.
           O homem abandonará, portanto, o posicionamento defensivo quando perceber a importância das relações interpessoais. Além disso, faz-se necessário que o ser humano entenda que a bondade não pode ser uma exceção no meio social. Para alcançar tal evolução, é imprescindível que o indivíduo retire a própria armadura e procure entender o outro. Isso porque os homens, em geral, desejam a propagação da bondade, mas, frequentemente, desconhecem tal fato, visto que não conseguem enxergar além do próprio muro.



O Grande Ditador - Charlie Chaplin



Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - 2015








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