sexta-feira, 30 de março de 2018

Você não precisa adoecer!


         A comunidade universitária está adoecendo mental e fisicamente. Tal fato ocorre, visto que, não raro, os estudantes universitários abrem mão da própria qualidade de vida em função das atividades acadêmicas em excesso, dos prazos reduzidos e das cobranças excessivas para que se tenha um alto rendimento constante, por exemplo. Assim sendo, questiono a postura dos estudantes universitários diante das armadilhas do mundo acadêmico.
          Recentemente, dois casos de suicídio, ocorridos no curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e outro caso de suicídio, ocorrido na pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), provocaram a reflexão a respeito da desumanização do meio universitário. Diante das exigências excessivas do cotidiano, os estudantes universitários passam a crer que precisam assimilar e produzir conhecimento, como se fossem máquinas. Ao abandonar as horas diárias de sono necessárias ao dia a dia, ao abandonar a alimentação balanceada e ao abandonar a prática de atividade física, por exemplo, os estudantes passam a percorrer uma estrada perigosa. Isso porque, frequentemente, em razão do estilo de vida adotado, passam a manifestar: ansiedade, irritabilidade, concentração reduzida, enfraquecimento do sistema imunológico e, não raro, sintomas de depressão.
           Ainda que uma parcela considerável das universidades brasileiras disponibilize serviço de apoio emocional ao estudante universitário, os esforços precisam ser ampliados e direcionados aos fatores que atormentam os acadêmicos. Segundo o psicólogo e professor da USP, Pablo Castanho, os principais fatores que podem explicar a ocorrência de sofrimento psíquico nos estudantes universitários são: o mercado de trabalho, a desarticulação do coletivo, a perda de referências e a crise do modelo de vida. Diante disso, os grupos de apoio ao estudante universitário podem trabalhar para organizar palestras e seminários, por exemplo, direcionados aos principais anseios dos acadêmicos. Além disso, faz-se necessária a desconstrução da ideia de que aquele que procura ajuda é um indivíduo desprovido de força. Numa sociedade, na qual muitos fingem ser indestrutíveis, ter humildade para procurar ajuda se evidencia como um grande ato de coragem e força.
            Para que, portanto, o meio universitário se torne mais acolhedor do que se evidencia na atualidade, faz-se necessário que o estudante universitário passe a priorizar a própria qualidade de vida, adotando hábitos saudáveis. Além disso, faz-se necessário também que os grupos de apoio ao estudante universitário busquem a aproximação dos acadêmicos para que, assim, possam melhor compreendê-los e auxiliá-los.