quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O que 2017 espera de nós?


Esperança (Mario Quintana)


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


***


       O ano de 2016 deixou muitas marcas em nossa memória. Tais feridas, que ainda cicatrizam, deram-se em função das múltiplas pedras que foram impostas ao nosso caminho. Sejam elas na forma de desastres ou de acidentes, sejam elas representadas pelos nossos embates existenciais, por exemplo. Entretanto, mesmo carregando as marcas, deixadas pelo ano de 2016, e não sabendo da totalidade do que nos aguarda em 2017, é imprescindível a adoção de uma postura otimista diante dos acontecimentos que estão por vir.
          Para adotarmos tal postura positiva, diante do desconhecido, não basta apenas querermos adotá-la, é preciso que tenhamos empenho e perseverança para alcançá-la. Tal realidade se impõe, visto que o nosso posicionamento, diante da vida, é definido por múltiplos fatores. Um desses fatores diz respeito ao que consumimos diariamente em nossas refeições, por exemplo. Se não nos alimentarmos de maneira correta, não teremos energia suficiente para trabalhar, para estudar ou para desempenhar as mais diversas atividades do cotidiano. O que escrevo representa algo básico que, não raro, negligenciamos. Frequentemente, “pulamos” nossas refeições, em função da correria do cotidiano, mas queremos que nosso corpo responda a todos os comandos que emitirmos.
        Quando desrespeitamos o nosso corpo, não perdemos apenas saúde física, mas também saúde mental. Outro fator, que ajudará a definir como será a nossa postura diante dos acontecimentos que virão, é representado pelos conteúdos e pelas informações que consumimos no cotidiano. Diariamente, por exemplo, somos bombardeados por notícias sobre a crise na educação, crise na saúde e crise na economia. Diante dessas notícias desanimadoras, precisamos saber filtrar as informações que recebemos. Isso porque, se ficarmos de peito aberto, no meio desse bombardeio, corremos o risco de adoecermos. Claro que não podemos nos esconder da realidade, mas também não precisamos deixar com que tal realidade nos destrua.
            Para que possamos, portanto, adotar uma postura otimista perante o ano de 2017, precisamos dar ao nosso corpo e a nossa mente condições para que eles possam trabalhar a nosso favor. Ainda que, novamente, venhamos a enfrentar tempos difíceis, faz-se necessário que tenhamos empenho e perseverança para não baixar a cabeça diante dos empecilhos do cotidiano. Além disso, é imprescindível que, mesmo diante das mais duras mazelas da vida, saibamos lançar o nosso mais belo sorriso.



Publicado:





***



***



***

Diário de Santa Maria, RS - 07/01/2017


***



***



***



***




quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Processo Seletivo Indígena da UFSM

***

Autoria:
         
Cacique Natanael Claudino – Coordenador do Processo Seletivo Indígena da UFSM


Daniel Fernando Campos – Estudante de Medicina


Anderson Luís Pires Silveira – Estudante de Medicina



***


         “A universidade ainda não está pronta para receber os estudantes indígenas. Ela estará pronta, assim que conseguir trabalhar com as nossas diferenças”. Tais palavras foram ditas pelo Cacique Natanael Claudino – representante da etnia Kaingang e da etnia Guarani – enquanto ele me explicava o quanto o Processo Seletivo Indígena da UFSM é importante não só para a população indígena da região central do Rio Grande do Sul, mas também para a população indígena do país inteiro. 
          Segundo o Cacique Kaingang Natanael Claudino, o Processo Seletivo Indígena é uma conquista dos movimentos sociais indígenas juntamente aos professores indígenas, aos estudantes indígenas e aos diversos profissionais que auxiliam no cotidiano das aldeias. Diante desse relato, pude perceber o quanto as lideranças indígenas, diariamente, empreendem embates para defender os direitos que têm. Além disso, nitidamente, percebi o quanto, por meio dos movimentos sociais indígenas, a comunidade indígena está evidenciando para a sociedade, em geral, que não está pedindo favor, mas, sim, lutando para que as suas diferenças culturais sejam aceitas nesse mundo acadêmico que sabe desvendar teorias, mas que, às vezes, não consegue compreender o próximo.
          Hoje, na UFSM, existem dois caminhos para que o estudante indígena tente o ingresso no mundo acadêmico: Processo Seletivo Indígena e ENEM. Diante disso, não só a população indígena ganha com essas possibilidades de ingresso, mas, sim, a comunidade acadêmica inteira. Isso porque, no contato com tradições e valores diferentes, ganhamos a oportunidade de contemplar novos pontos de vista. Infelizmente, na UFSM, nem todos os estudantes e os funcionários estão preparados para receber e acolher a população indígena. Tenho tal percepção, porque percebo que não há muito interesse, por parte de algumas pessoas, em interagir com os estudantes indígenas. Entretanto, não sejamos hipócritas. Tais barreiras não existem apenas no meio acadêmico. Que possamos, assim com a UFSM está fazendo, propor o acolhimento e a aproximação cultural.                  
          O Processo Seletivo Indígena, portanto, existe para que seja garantido o direito da comunidade indígena de ingressar no mundo acadêmico. No próximo dia 18 de dezembro, estarão sendo realizadas, na Universidade Federal de Santa Maria, as provas do referido processo seletivo. Que esse processo seletivo signifique a materialização da luta diária da UFSM para que o estudante indígena se sinta cada vez mais acolhido e bem amparado.  

***


Publicado:


Diário de Santa Maria - 17/12/2016


***
          


domingo, 13 de novembro de 2016

Novembro Azul



          Depois do Setembro Amarelo e do Outubro Rosa, é chegada a hora de voltarmos os nossos olhos ao Novembro Azul e à saúde do homem. Tal ação se faz necessária, visto que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa, para o corrente ano, é de que surjam 61.200 novos casos de câncer de próstata no país. Diante disso, faz-se necessária a divulgação de informações referentes ao exame preventivo do câncer de próstata. Isso porque o público masculino precisa, urgentemente, vencer o preconceito e buscar a prevenção.
          Ainda que o preconceito em relação ao exame preventivo do câncer de próstata, nos últimos anos, venha caindo, uma parcela considerável do público masculino continua teimando em não buscar a prevenção. Tal resistência ao exame de próstata, além de ser imposta pelo preconceito, dá-se também em decorrência do desconforto gerado. No entanto, em vez de enxergar apenas o desconforto do toque retal, tais indivíduos precisam conseguir avistar os benefícios gerados pela prevenção. Segundo Fernando Almeida, urologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo (SP), o câncer de próstata, quando descoberto em fase inicial, apresenta cerca de 95% de chance de cura.
          Conforme os dados coletados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 51% dos homens nunca consultaram um urologista. Tal constatação se torna ainda mais preocupante, porque o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Esse tipo de câncer está relacionado sobretudo ao envelhecimento masculino. Apesar de ser diagnosticado em jovens, inclusive abaixo de 40 anos, o risco aumenta significativamente após os 50 anos, correspondendo a 40% dos tumores nessa faixa etária. Diante dessa realidade, faz-se necessário que o público masculino se conscientize da importância da realização do exame preventivo do câncer de próstata e procure orientação médica.
            O exame preventivo do câncer de próstata, portanto, precisa ser avistado como um exame extremamente necessário à saúde do homem. Para que tal fato ocorra, os preconceitos e os mitos precisam ser desconstruídos e deixados para trás. No site Portal da Urologia (http://portaldaurologia.org.br/), por exemplo, é possível encontrar informações e maiores esclarecimentos sobre o exame preventivo do câncer de próstata. Além disso, vale lembrar que, desde 2014, a Lei 13.045 obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar exames para a detecção precoce do câncer de próstata sempre que, a critério médico, o procedimento for considerado necessário. 



***

Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - 23/11/2016

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Relações Superficiais

      
                                
( Publicado no jornal Diário de Santa Maria )
   
***

       Diante da superficialidade de uma parcela considerável dos relacionamentos contemporâneos, proponho uma abordagem diferente do referido tema. Já que - teoricamente - moramos no país do futebol, faço uma analogia entre esse esporte e os projetos de relacionamentos existentes na atualidade. Tal relação se faz possível, visto que as pessoas estão preferindo as "jogadas infrutíferas" ao "jogo bem elaborado". No futebol, o máximo que se perde, em função do uso de estratégias indevidas, são três pontos. Na vida real, entretanto, perde-se mais do que meros três pontos.
          Frequentemente, em função das decepções sofridas, os indivíduos deixam de investir em relacionamentos duradouros, Dessa forma, optam por aplicar as esperanças em relações infrutíferas: mero lances. Infelizmente, não percebem que os laços propostos, por esse tipo de relacionamento, desfazem-se tão depressa quanto são feitos. consequentemente, tais pessoas se tornam especialista em reclamar dos resultados obtidos nas relações amorosas e fecham os olhos para os equívocos cometidos. Além disso, não se dão conta de que uma derrota, nos relacionamentos amorosos, não significa uma eliminação no jogo da vida, mas sim uma nova oportunidade para recomeçar.
          Assim como há os que optam pelas relações voláteis em razão do medo de uma nova decepção, existem também aqueles que optam pelos relacionamentos sem compromisso, simplesmente, por viverem em função de um exibicionismo social. Esses últimos acreditam que quanto mais parceiros (as) tiverem, melhor serão vistos pelos familiares, amigos ou colegas. Caem no erro de investirem em quantidade em detrimento da qualidade dos vínculos afetivos que tentam estabelecer. Consequentemente, assinam e entregam para si um atestado de imbecilidade. Isso porque, ao viverem de atitudes infantis, eliminam muitas das possibilidades de relacionamento disponibilizadas pela vida. Devido a esse "esquema tático" adotado, passam os dias a lamentar as derrotas que poderiam ter evitado. 
           Percebe-se, portanto, que a opção por um relacionamento - sem compromisso - proporciona ao ser humano uma experiência degradante e enganosa. Isso porque, não raro, o vínculo frágil, construído por esse tipo de relação, costuma não resistir aos primeiros focos de conflito. Por fim, se um indivíduo conhece os riscos de determinado caminho e, mesmo assim, opta por ele, que tenha, no mínimo, a integridade de não culpar os outros pelo próprio fracasso no jogo da vida.


***

Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - 2015




        

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Choking Game: o jogo da asfixia

***




***

          O recente falecimento do adolescente Gustavo Detter, em função do jogo da asfixia, chocou e impôs alguns questionamentos ao país inteiro. Isso porque tal tragédia evidenciou o quanto os nossos jovens estão exposto ao lado obscuro da rede mundial de computadores. O Choking Game não tem feito vítimas apenas no Brasil, mas também pelo mundo inteiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o jogo da asfixia já causou cerca de 80 mortes.
          No jogo da asfixia, os participantes são desafiados a recorrerem a objetos que cortem o fornecimento de oxigênio para o cérebro até que ocorra o desmaio. Posteriormente a isso, os “jogadores” acordam eufóricos. Infelizmente, assim como ocorreu com Gustavo Detter, muitos jovens não retornam após o desmaio. Segundo Claudio Tinoco, cardiologista do Hospital Pró-Cardio, a falta de oxigenação no organismo pode causar parada cardíaca ou lesão no cérebro com sequelas permanentes. Em casos mais críticos, ocorre a morte cerebral.
        As características próprias do período da adolescência tornam os jovens mais suscetíveis a desafios de risco. Além disso, o modismo e a supervalorização das opiniões dos amigos acabam, constantemente, fazendo com que o jovem sinta a necessidade de tentar provar aos colegas o quanto pode ser infalível. Diante disso, cresce o compromisso não somente dos pais, mas também o compromisso da comunidade inteira com os jovens. Segundo Gabriela Malzyner, psicanalista e professora do Centro de Estudos Psicanalíticos, os pais são os responsáveis pelos filhos, mas todos precisam estar atentos aos sinais emitidos pelos jovens.
          Portanto, para poder agir contra a disseminação dos jogos de risco, como o jogo da asfixia, por exemplo, faz-se necessário que pais e filhos consigam desenvolver, na relação familiar, um vínculo de confiança mútua. Além disso, é preciso também que a comunidade não assuma uma postura omissa diante dos perigos de determinados jogos online. Ao adotarmos tais posicionamentos, poderemos ir desarmando, por meio do diálogo, as armadilhas do lado obscuro da rede mundial de computadores. 



***

Publicado:


Diário de Santa Maria, RS - Outubro/2016





***

Jornal do Comércio, RS - 25/10/2016






***





domingo, 9 de outubro de 2016

Dia do Médico

***

"Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.


***


        “Eu, solenemente, juro consagrar a minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade”. Por meio desse trecho do Juramento atribuído a Hipócrates (considerado amplamente o pai da medicina ocidental) podemos perceber não só a importância da profissão médica, mas também as responsabilidades inerentes a essa carreira profissional. Sim! Existem muitas versões do referido juramento. Entretanto, ainda que existam outras versões, todas elas apontam para um caminho em comum: a construção de uma medicina responsável e, principalmente, humanitária.
          O médico precisa saber compreender e acolher ao indivíduo que procura por um atendimento. Ademais, ao exercer a medicina, o profissional da saúde precisa ter humanidade para tratar cada paciente como um ser humano único. Além disso, mais importante do que estar atento ao que o paciente diz, é ter a habilidade para conseguir ouvir o que o paciente não consegue externar com palavras. Tomar tal postura não se evidencia como uma tarefa fácil. Isso porque o cotidiano de um médico, não raro, é carregado de empecilhos, provocados, principalmente, pelo descaso do Estado com o nosso Sistema Único de Saúde. Entretanto, ao escolher a medicina, como carreira profissional, o indivíduo, no mínimo, já estava ciente dos empecilhos que precisaria enfrentar.
           Além disso, aquele que escolhe a medicina, como carreira profissional, precisa ter humildade para assimilar o fato de que o médico não trabalha sozinho. Prova disso são as equipes multiprofissionais nos ambientes hospitalares, nos grupos de apoio ao setor da saúde e no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo. A medicina permanece em constante aperfeiçoamento. Nessa dinâmica de trabalho em equipe, o médico ganha a oportunidade de aprender com os profissionais de outras áreas da saúde. Assim como os profissionais, das mais variadas áreas da saúde, podem aprender no contato com o médico.
           No próximo dia 18 de outubro, portanto, quando for celebrado o Dia do Médico, que possamos refletir e possamos também buscar alternativas para que a medicina se torne cada vez mais centrada no paciente e no desenvolvimento do trabalho em equipe. Além disso, que seja cumprido pelos médicos cada trecho do Juramento de Hipócrates. Principalmente, o trecho que diz o seguinte: “Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza”.


***
Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - Outubro/2016


























sábado, 24 de setembro de 2016

Unidade Básica de Saúde (UBS)

***

"A gente acha que tem que aprender tudo sobre as doenças, mas esquece de aprender um pouco mais sobre as pessoas..." 

(Unidade Básica - Universal Channel)




***

          Na primeira quinzena de setembro, ocorreu a estreia, pela Universal Channel, da série brasileira Unidade Básica. Tal seriado estreou em momento oportuno, porque percebo que, infelizmente, uma parcela considerável dos cidadãos brasileiros desconhece o mecanismo de funcionamento de uma Unidade Básica de Saúde. Além disso, a referida série, por meio de histórias baseadas em fatos reais, evidencia não só o desenvolvimento da atenção primária à saúde, no Brasil, mas também os empecilhos enfrentados para que o nosso Sistema Único de Saúde continue a oferecer aos cidadãos o melhor atendimento possível.
          Em uma UBS, o atendimento é regido pelos princípios propostos pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Segundo tais preceitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a atenção primária à saúde (ou atenção básica) deve ser a porta de entrada do nosso sistema de saúde. Assim sendo, teoricamente, a UBS deveria ser o primeiro recurso a ser procurado pelo cidadão. Entretanto, a atenção primária, não raro, acaba não sendo a porta de entrada do SUS devido, principalmente, a dois fatores: a informação que não chega ao cidadão e a falta de interesse mais efetivo do Estado em aperfeiçoar o nosso sistema público de saúde.
          O trabalho de uma Unidade Básica de Saúde deve ser regido pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da humanização, da equidade e da participação social. Em função disso, médicos (as), enfermeiros (as), técnicos (as) em enfermagem e agentes comunitários de saúde, por exemplo, trabalham para proporcionar ao cidadão o melhor atendimento possível na Unidade Básica. Em razão disso, faz-se necessário que o cidadão valorize e busque a medicina preventiva da UBS.
         Portanto, a atenção primária à saúde, ofertada pelas Unidades Básicas de Saúde, pode ser melhor utilizada pelos cidadãos. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o cidadão entenda que não precisa procurar a UBS – mais próxima – apenas quando estiver debilitado. Isso porque a medicina praticada na UBS é, preponderantemente, preventiva. Caso o indivíduo não encontre, na atenção primária à saúde, os recursos dos quais necessita para determinado tratamento, tal cidadão será encaminhado ao profissional que melhor poderá ajudá-lo. Por fim, ressalto que, segundo o Ministério da Saúde, 80 % dos problemas de saúde, da população, podem ser tratados, na UBS, sem que haja a necessidade de um encaminhamento.


***

Publicado:



Diário de Santa Maria, RS - Outubro/2016


***




quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Setembro Amarelo

***



          Leitor, escrevo hoje para propor uma reflexão. Em função do Setembro Amarelo, convido-te a refletir a respeito dos porquês da existência dos altos índices de suicídio que assombram o mundo inteiro. Tal ação reflexiva se faz necessária, porque, infelizmente, por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas desistem da vida. É como se a cada 40 segundos alguém deixasse de viver. Diante desse quadro crítico, sugiro uma reflexão, porque acredito que só poderemos auxiliar na luta pela redução dos índices de suicídio, se compreendermos melhor o referido tema.
         Também de acordo com dados da OMS, nove em cada dez casos de suicídio podem ser evitados. Em função dessa possibilidade, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) estão trabalhando efetivamente na divulgação da campanha de prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo). No site da ABP (www.abp.org.br), por exemplo, encontramos a cartilha Suicídio: Informando Para Prevenir. Como vemos, a luta pela redução dos índices de suicídio se desenvolve intensamente. Diante disso, não podemos nos omitir. Precisamos buscar informações, nos mais variados meios, para podermos auxiliar na luta pela redução do número de casos de suicídio.
         Para uma abordagem inicial, não é preciso ser, necessariamente, um médico psiquiatra ou um psicólogo. Para perceber que uma pessoa precisa de apoio emocional, faz-se necessário apenas que saibamos ouvir o nosso semelhante. Ao escutar o que o outro tem a dizer, poderemos identificar se há risco de suicídio ou não. Caso venhamos a identificar o risco de suicídio, precisaremos intervir. Ainda que o indivíduo não queira, precisaremos informar aos familiares, ao psicólogo e/ou ao médico desse indivíduo que ele está passando por um momento difícil. Isso porque, após a identificação do risco de suicídio, é preciso lutar pela preservação da vida do indivíduo.
        Para que possamos, portanto, auxiliar na luta pela redução dos índices de suicídio, faz-se necessário que saibamos ter a sabedoria para ouvir e a sensibilidade para tentarmos compreender os sentimentos das pessoas que estão ao nosso redor. Isso por que, quando um indivíduo está planejando desistir da vida, ele dá sinais do que está pretendendo fazer. Após a leitura da cartilha Suicídio: Informando Para Prevenir, por exemplo, tornamo-nos aptos a identificar tais sinalizações do indivíduo que está passando por um momento difícil na vida. Em síntese, para reduzir os índices de suicídio, é preciso conciliar os seguintes fatores: informação, compreensão e acolhimento.


***


Suicídio: Informando Para Prevenir (Link para Download)


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pela Humanização da Medicina

***

"Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém..."




***


        “A medicina não é apenas uma ciência, mas também a arte de deixar a nossa individualidade interagir com a individualidade do paciente”. Tais palavras de Albert Schweitzer – teólogo, músico, filósofo, e médico alemão – fazem com que reflitamos a respeito da relação médico/paciente na atualidade. Essa reflexão se faz necessária para que possamos lutar juntos, de maneira mais efetiva, pela humanização da medicina.
          Acredito que um médico competente nasce, quando um indivíduo, com o intuito de ser um agente de transformação social, decide escolher a carreira médica como profissão. Penso dessa forma, porque entendo que um médico não pode se restringir a ser apenas um “tratador de órgãos”. Mais do que enxergar órgãos e tecidos, ele precisa agir de forma humanitária, porque, agindo assim, poderá avistar a alma do paciente e, consequentemente, poderá interagir com a individualidade do cidadão que procura um atendimento. Ademais, ninguém vai ao médico por estar com a saúde em dia. Em função disso, por ocasião de uma enfermidade, o paciente, certamente, desejará ser acolhido, e não maltratado.
        Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, propostas pelo Ministério da Educação (MEC), o médico, após concluir o curso de graduação, precisa saber interagir adequadamente com seus colegas de trabalho, com seus pacientes e com seus familiares. Além disso, tais diretrizes exigem que o médico saiba se colocar no lugar do paciente e que saiba agir de forma humanitária, quando em contato com o paciente. Ademais, se o indivíduo optou pela carreira médica, mas evita o contato com as pessoas ou age de forma grosseira durante um atendimento, talvez não tenha nascido para compreender a alma alheia. Atualmente, não só os pacientes, como também a classe médica e a própria comunidade estão fechando o cerco contra os profissionais que teimam em não exercer a medicina de forma adequada e responsável. Prova disso foi a recente condenação – emitida pela 2° Vara de Santa Maria – de médicos que teriam fraudado as folhas-ponto do local no qual, teoricamente, trabalhavam.
          Para que a medicina, portanto, torne-se cada vez mais humana, faz-se necessário que os médicos estejam cada vez mais próximos da comunidade. Isso porque, para desenvolver uma boa relação médico/paciente, mais do que olhar nos olhos do paciente, é preciso que o médico saiba compreender a alma do indivíduo que procura um atendimento.

***

Publicado:



***

Jornal NotiSul, Tubarão - SC (26/08/2016) 






***

Diário de Santa Maria (29/08/2016)




***


***