quarta-feira, 2 de agosto de 2017

TDAH na vida adulta





          O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), em adultos, caracteriza-se por dificuldades constantes e persistentes na manutenção da atenção e hiperatividade contínua. Tal comportamento, não raro, traz consigo o comprometimento da vida social, acadêmica e profissional do portador desse transtorno. Ainda que o TDAH sofra remissão em alguns casos, segundo a American Psychiatric Association (APA), na maioria das circunstâncias, os sintomas do TDAH persistem na vida adulta. Em 1987, o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III) passou a reconhecer a forma adulta do TDAH. 
          Indivíduos adultos, portadores do TDAH, costumam apresentar comportamento inquieto e ter dificuldades atentivas. Em razão disso, após o diagnóstico do referido transtorno, pelo profissional competente para tal, faz-se necessário que – com o auxílio de um terapeuta – o paciente passe a observar o próprio comportamento.  Isso porque, a partir do exercício, denominado automanejo, o paciente se torna mais apto a perceber os porquês das circunstâncias que o rodeiam. Segundo o pesquisador Michael L. Gordon, o treinamento para a identificação dos comportamentos inadequados é o primeiro passo para o desenvolvimento de estratégias de autocontrole.
          Frequentemente, o portador do TDAH tem dificuldade para se integrar nos meios sociais aos quais frequenta. Não raro, queixa-se de incompreensão por parte dos outros. Segundo pesquisas do Dr. Larry S. Goldman, o portador do TDAH sofre duplamente. Isso porque sofre por não compreender a si e por não ser compreendido pelo entorno. O referido pesquisador ainda cita o sistema educacional tradicional como um dos culpados pela incompreensão externa que tortura o paciente com TDAH. Faz tal afirmação porque acredita que, frequentemente, o nosso sistema educacional seja punitivo com os portadores do TDAH. Tal sistema desconsidera as dificuldades do paciente e passa a exigir o cumprimento de regras ordenadas, a exigir a atenção por horas seguidas e a avaliá-lo com provas monótonas.
           O TDAH, portanto, se não tratado, pode impactar, negativamente, não só a vida dos portadores dessa disfunção, como também a vida das pessoas que convivem com os portadores desse transtorno. Em razão disso, ao não se sentir confortável consigo mesmo e/ou com as circunstâncias ao redor, faz-se necessário que o indivíduo procure um auxílio médico ou psicológico. Caso possua TDAH – com diagnóstico precoce, acompanhamento médico e tratamento – o paciente certamente obterá melhor qualidade de vida. Se não for portador do TDAH, ao procurar auxílio médico ou psicológico, poderá consigo mesmo – e com o auxílio do terapeuta – descobrir o que pode estar lhe tirando a alegria de viver.


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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Dia Nacional da Saúde


          No próximo dia 5 de agosto, será celebrado o Dia Nacional da Saúde. Essa data rememora o dia do nascimento, em 1872, do sanitarista Oswaldo Cruz – pioneiro no estudo de moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Além da inestimável contribuição na erradicação da peste bubônica, da febre amarela e da varíola, Oswaldo Cruz contribuiu para a estruturação das ações de saúde pública no país e, consequentemente, colaborou para que a qualidade de vida dos brasileiros obtivesse um quadro de melhora. Na atualidade, 145 anos após o nascimento de Oswaldo Cruz, o nosso Sistema Único de Saúde (SUS) trava embates para que a semente, lançada pelo sanitarista brasileiro, continue a germinar.
           O nosso SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Abrange desde a simples consulta ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito a toda a população do país. Tal realidade só é possível, porque, diariamente, agentes comunitários, assistentes sociais, técnicos (as) em enfermagem, dentistas, farmacêuticos (as), fonoaudiólogos (as), fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros (as) e médicos (as) travam embates, contra as adversidades do cotidiano, para que a população seja atendida da melhor maneira possível.
         Claro que não fecho os olhos para o que há de errado no nosso SUS. Infelizmente, existem falhas. Há falha quando o Estado não investe o que deveria ter investido. Da mesma maneira, há falha quando um profissional da área da saúde, independente da função, deixa de dar a atenção necessária ao cidadão. Entretanto, ainda que existam falhas, leitor, saiba que é constante a luta da maioria dos profissionais da área da saúde para que as engrenagens do SUS continuem a funcionar. Isso porque não há nada mais gratificante do que poder colaborar para que a qualidade de vida do cidadão apresente um quadro de melhora.
            Que o Dia Nacional da Saúde sirva para que o Estado e os profissionais da área da saúde reafirmem o compromisso com o Sistema Único de Saúde e, consequentemente, reafirmem o compromisso com o bem-estar da população. Além disso, que seja ratificado o compromisso de luta pelo aprimoramento contínuo da estruturação das ações de saúde pública no país. Ao agirem dessa forma, estarão dando continuidade ao embate travado, inicialmente, pelo sanitarista – Oswaldo Cruz.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Parabéns, Santa Maria!



(Imagem Retirada da Internet)


           Ainda que toda e qualquer palavra, diante da missão de descrever a cidade de Santa Maria, evidencie-se como um simples vocábulo, resolvi cumprir essa difícil tarefa. Isso porque, mesmo não sendo natural da Boca do Monte, senti a necessidade de expor o que penso quando ouço o nome da nossa cidade.
        Há quem tenha olhos apenas para os empecilhos enfrentados por Santa Maria. Entretanto, esqueço esses indivíduos e ressalto aquelas pessoas que lutam por dias melhores e que conseguem enxergar, no coração do Rio Grande do Sul, uma cidade acolhedora e cheia de oportunidades. Faço tal realce visto que, para avistar problemas, não é preciso esforço. Em contrapartida, para conseguir enxergar a preciosidade de Santa Maria, além de bons olhos, faz-se necessário também que o indivíduo tenha um grande espírito para lutar por tempos prósperos lado a lado com a Região Central.
         Aos que têm bons olhos, Santa Maria se evidencia como uma cidade hospitaleira e repleta de oportunidades. Tal fato ocorre, porque além de espaços – cada vez mais seguros – reservados ao entretenimento, nossa cidade universitária também proporciona aos cidadãos a possibilidade de construção de uma carreira profissional. Isso se torna possível visto que, entre instituições federais e particulares de ensino, constrói-se uma infinidade de caminhos a serem percorridos por aqueles que desejam ascender profissionalmente.
           “Tanta vida diferente, tanta gente vem e vai. Incerteza de quem chega, mas saudade de quem sai”. Tais versos, retirados da canção Santa Maria, de Beto Pires, traduzem perfeitamente o que se passa no coração daqueles que chegam para ficar ou que estão de passagem. Isso porque a incerteza do primeiro contato se desfaz à medida que o indivíduo conhece melhor a nossa cidade. Além disso, não há como se sentir inseguro quando estamos em um ambiente acolhedor, harmonioso e repleto de boas energias.
            Em vista disso, enxergo na cidade de Santa Maria uma localidade próspera e hospitaleira. Além disso, percebo que nossa cidade proporciona muitas oportunidades aos cidadãos e, em troca, pede muito pouco. Ela solicita que o santa-mariense (natural ou de coração) seja feliz no caminho que resolver percorrer e que nunca se esqueça de que, ainda que parta, por um motivo ou por outro, será sempre muito bem-vindo no coração do Rio Grande do Sul.


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Diário de Santa Maria, RS, 17 de Maio de 2017






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quarta-feira, 29 de março de 2017

Práticas Integrativas e Complementares no SUS





          Por meio da Portaria N° 849, de 27 de março de 2017, o Ministério da Saúde incluiu Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, reflexoterapia, Reike, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Tal medida atende ao que preconiza a Organização Mundial de Saúde: reconhecimento e incorporação das Medicinas Tradicionais e Complementares nos sistemas nacionais de saúde.
            As Práticas Integrativas e Complementares, conhecidas popularmente como “ramos da medicina alternativa”, precisam ser reconhecidas, valorizadas e incorporadas ao cotidiano do nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Tal necessidade se dá porque tais práticas tem o objetivo de garantir a prevenção de agravos, a promoção e a recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, além de propor o cuidado continuado, humanizado e integrado em saúde, contribuindo com a resolubilidade do sistema de saúde com qualidade, eficácia, eficiência, segurança e participação social no uso.
          Ademais, não somente o médico, como também toda a equipe que trabalha pelo bom funcionamento do SUS, precisa valorizar as vivências e as experiências pessoais dos cidadãos. Ao exigir que o paciente abandone determinado tratamento alternativo, os profissionais da saúde podem estar comprometendo o tratamento e, consequentemente, a melhora do estado de saúde do paciente. Além disso, as Práticas Integrativas e Complementares estão fundamentadas em pesquisas científicas. A acupuntura, por exemplo, é uma tecnologia de intervenção em saúde que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença.
          As Práticas Integrativas e Complementares, portanto, existem para aumentar a quantidade de recursos que podem ser utilizadas pelos cidadãos. Além disso, tais práticas colaboram para que a medicina se torne cada vez mais humanizada. Ademais, as Práticas Integrativas e Complementares fazem com que o cidadão se sinta mais à vontade e integrado ao Sistema Único de Saúde. Isso porque ele passa a se sentir mais respeitado, valorizado e, principalmente, bem acolhido.





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sábado, 11 de março de 2017

Qual é o prazo de validade do ser humano?



        “Existe somente uma idade para a gente ser feliz. Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos (...) Essa idade, tão fugaz na vida da gente, chama-se presente”. Tal fragmento, retirado do poema Idade de Ser Feliz – de Geraldo Eustáquio de Souza – vai de encontro ao que é imposto pela sociedade. Isso porque, nos dias atuais, parece que o ser humano passou a ter um prazo de validade. Tal como os aparelhos celulares que se tornam obsoletos em pouco tempo, por exemplo. Infelizmente, em função do cansaço cotidiano e das pressões sociais, as pessoas acabam acreditando que realmente são “muito velhas” para realizarem os sonhos que carregam dentro de si.
         As pressões sociais, não raro, são as principais responsáveis pela imposição de um prazo de validade aos seres humanos. Tal fato ocorre, porque uma parcela considerável da sociedade acredita que tem o direito de impor diretrizes aos outros. Tais como a “obrigação” de, até os 30 anos, ter total estabilidade emocional e financeira, ter casa própria e ter filhos, por exemplo. Tais obrigatoriedades absurdas têm a capacidade de fazer com que o indivíduo – caso queira satisfazer ao que é imposto pela sociedade – perca saúde mental e, consequentemente, saúde física. É claro que podem existir indivíduos que, antes dos 30 anos, sintam-se completamente realizados. Entretanto, fazer dessa situação uma regra geral é um profundo ato de desonestidade.
         Cada indivíduo é um universo único. Dessa forma, não há como comparar histórias e trajetórias diferentes. Assim sendo, a sociedade não tem o direito de impor prazos de validade aos indivíduos. Por isso, leitor, se alguém te disser que tu és muito velho (a)  para desempenhar determinada atividade, não dê ouvidos. Assim, automaticamente, não correrás o risco de te expor a uma carga prolongada de stress e, consequentemente, ganharás saúde mental e física. Segundo a Dra. Marilda Novaes Lipp – cientista, escritora e psicóloga – quando o stress é prolongado, ele afeta diretamente o sistema imunológico do indivíduo. Além disso, o ser humano cronicamente estressado apresenta cansaço mental, dificuldade de concentração, perda de memória imediata e apatia.
         Os seres humanos, portanto, não são objetos ou mercadorias. Em razão disso, a imposição de um prazo de validade ao ser humano se evidencia como uma atitude desonesta. Isso porque cada indivíduo possui características e habilidades específicas. Além disso, cada ser humano tem seu ritmo próprio. Dessa forma, ninguém precisa se sentir obrigado a cumprir as diretrizes insanas impostas pela nossa sistemática social doentia.

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Se Você é Jovem Ainda - Chaves

"Dona Florinda, convença-se de uma coisa: a juventude e a velhice não tem nada a ver com a idade"

(Professor Girafales)




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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Hipertensão Arterial Sistêmica: compreender para prevenir




         Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão arterial sistêmica primária (HAS) é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Essa pressão representa a força que o sangue exerce sobre a parede da artéria. Tal pressão, quando muito elevada, pode causar danos aos órgãos-alvo: cérebro, vasos, coração e rins, principalmente. Assim sendo, faz-se necessário que saibamos compreender, à medida do possível, o mecanismo de funcionamento da HAS para poder preveni-la.
          Certamente, o amigo leitor já ouviu alguém dizer: “Fulano nunca apresentou sintomas de pressão alta, mas teve um AVC”. Tal circunstância se dá, não raro, porque a HAS é um fator de risco silencioso. Normalmente, os sintomas (dores de cabeça, coração acelerado, visão turva e pernas inchadas, por exemplo) aparecem apenas na crise hipertensiva. Em função disso, frequentemente, quando é diagnosticada a HAS, os órgãos-alvo já se encontram lesionados. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia: idade, gênero, etnia, alta ingestão de sal, grande ingestão de álcool, excesso de peso, obesidade e sedentarismo, por exemplo, são fatores de risco para a HAS.
          Ainda que a HAS não tenha cura, ela pode ser controlada. Além disso, a mudança de hábitos pode auxiliar na prevenção da hipertensão arterial sistêmica primária. Se, até o dia de hoje, o leitor ainda não adotou práticas saudáveis no dia a dia, saiba que é possível alterar esse quadro. Bastam empenho e força de vontade. Quando adotamos bons hábitos no nosso cotidiano, a nossa vida, em condições normais, tende a se prolongar da melhor maneira possível. Ademais, lembro ao leitor que todos os cidadãos brasileiros têm como aliado o Sistema Único de Saúde (SUS). Não somente na luta contra a HAS, mas também em todas as outras lutas referentes ao nosso sistema de saúde. Se, em algum momento, o amigo leitor não estiver se sentindo muito bem, pode (e deve) procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Certamente, encontrará profissionais capacitados que poderão te auxiliar e te dar todo o atendimento que tu venhas a precisar.
          A adoção, portanto, de hábitos saudáveis pode reduzir o risco de um indivíduo ter complicações decorrentes da hipertensão arterial sistêmica primária. Dessa forma, faz-se necessário o empenho de todos na busca por um estilo de vida saudável. Isso porque a saúde plena do amanhã precisa nascer hoje.  


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Diário de Santa Maria




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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A Hora e Vez de Augusto Matraga

“Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente que, às vezes, custa muito a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria. Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua.”


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         Na obra A Hora e Vez de Augusto Matraga, João Guimarães Rosa apresentou ao mundo Augusto Matraga (Nhô Augusto). Tal personagem era conhecido por todos como um homem brigão, problemático e bêbado. Por conta deste estilo de vida, Nhô Augusto, não raro, estava envolvido em desavenças com os coronéis da região. Em virtude disso, certa vez, apanhou tanto que quase morreu. Após essa surra, Augusto Matraga deu início a uma verdadeira história de superação. Isso porque ele soube reorientar o próprio destino e dar um novo sentido a própria vida.
        Na história de Guimarães Rosa, Nhô Augusto aprendeu - da pior maneira possível - a empreender força somente nos embates que forem necessários. Consequentemente, abandonou as desavenças infrutíferas, reconheceu as próprias fraquezas e começou a reorientar a própria existência. Tal atitude, de Augusto Matraga, chamou-me a atenção, visto que, para reconhecer os próprios erros, faz-se necessário que o indivíduo opte por, realmente, tornar-se um ser humano melhor do que aquele que vinha sendo até então. De forma primordial, Guimarães Rosa deixou evidente que, independente das circunstâncias, qualquer indivíduo pode alterar o próprio destino. Nhô Augusto é a prova disso, porque, ainda que tenha perdido a esposa, as filhas e as terras que tinha, ele resolveu ter a humanidade de pedir perdão aos que ele tinha ofendido e de perdoar aos inimigos. Dessa forma, Matraga deixou de ser escravo de um cotidiano infeliz para se tornar senhor da própria vida.
        À medida que se afastava das tentações do cotidiano, Matraga se aproximava, surpreendentemente, da tão sonhada vida próspera. Acredito que uma das motivações, para que Nhô Augusto tenha optado por um estilo de vida sensato, resida nas palavras de um padre que cruzou pelo caminho dele. Chego a esse entendimento, porque, sempre que se sentia enfraquecido, Matraga repetia as palavras proferidas pelo indivíduo religioso: "Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente que, às vezes, custa muito a passar mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria. cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua".
          Dessa maneira, heroicamente, Nhô Augusto abandonou os paradigmas comportamentais do passado para se tornar um indivíduo melhor: um ser humano bem diferente daquele que foi apresentado, inicialmente, na obra de Guimarães Rosa. Isso porque ele sabia que, se rezasse e trabalhasse firme, a hora e a vez dele chegariam.



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