quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O que 2017 espera de nós?


Esperança (Mario Quintana)


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


***


       O ano de 2016 deixou muitas marcas em nossa memória. Tais feridas, que ainda cicatrizam, deram-se em função das múltiplas pedras que foram impostas ao nosso caminho. Sejam elas na forma de desastres ou de acidentes, sejam elas representadas pelos nossos embates existenciais, por exemplo. Entretanto, mesmo carregando as marcas, deixadas pelo ano de 2016, e não sabendo da totalidade do que nos aguarda em 2017, é imprescindível a adoção de uma postura otimista diante dos acontecimentos que estão por vir.
          Para adotarmos tal postura positiva, diante do desconhecido, não basta apenas querermos adotá-la, é preciso que tenhamos empenho e perseverança para alcançá-la. Tal realidade se impõe, visto que o nosso posicionamento, diante da vida, é definido por múltiplos fatores. Um desses fatores diz respeito ao que consumimos diariamente em nossas refeições, por exemplo. Se não nos alimentarmos de maneira correta, não teremos energia suficiente para trabalhar, para estudar ou para desempenhar as mais diversas atividades do cotidiano. O que escrevo representa algo básico que, não raro, negligenciamos. Frequentemente, “pulamos” nossas refeições, em função da correria do cotidiano, mas queremos que nosso corpo responda a todos os comandos que emitirmos.
        Quando desrespeitamos o nosso corpo, não perdemos apenas saúde física, mas também saúde mental. Outro fator, que ajudará a definir como será a nossa postura diante dos acontecimentos que virão, é representado pelos conteúdos e pelas informações que consumimos no cotidiano. Diariamente, por exemplo, somos bombardeados por notícias sobre a crise na educação, crise na saúde e crise na economia. Diante dessas notícias desanimadoras, precisamos saber filtrar as informações que recebemos. Isso porque, se ficarmos de peito aberto, no meio desse bombardeio, corremos o risco de adoecermos. Claro que não podemos nos esconder da realidade, mas também não precisamos deixar com que tal realidade nos destrua.
            Para que possamos, portanto, adotar uma postura otimista perante o ano de 2017, precisamos dar ao nosso corpo e a nossa mente condições para que eles possam trabalhar a nosso favor. Ainda que, novamente, venhamos a enfrentar tempos difíceis, faz-se necessário que tenhamos empenho e perseverança para não baixar a cabeça diante dos empecilhos do cotidiano. Além disso, é imprescindível que, mesmo diante das mais duras mazelas da vida, saibamos lançar o nosso mais belo sorriso.



Publicado:





***



***



***

Diário de Santa Maria, RS - 07/01/2017


***



***



***



***




quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Processo Seletivo Indígena da UFSM

***

Autoria:
         
Cacique Natanael Claudino – Coordenador do Processo Seletivo Indígena da UFSM


Daniel Fernando Campos – Estudante de Medicina


Anderson Luís Pires Silveira – Estudante de Medicina



***


         “A universidade ainda não está pronta para receber os estudantes indígenas. Ela estará pronta, assim que conseguir trabalhar com as nossas diferenças”. Tais palavras foram ditas pelo Cacique Natanael Claudino – representante da etnia Kaingang e da etnia Guarani – enquanto ele me explicava o quanto o Processo Seletivo Indígena da UFSM é importante não só para a população indígena da região central do Rio Grande do Sul, mas também para a população indígena do país inteiro. 
          Segundo o Cacique Kaingang Natanael Claudino, o Processo Seletivo Indígena é uma conquista dos movimentos sociais indígenas juntamente aos professores indígenas, aos estudantes indígenas e aos diversos profissionais que auxiliam no cotidiano das aldeias. Diante desse relato, pude perceber o quanto as lideranças indígenas, diariamente, empreendem embates para defender os direitos que têm. Além disso, nitidamente, percebi o quanto, por meio dos movimentos sociais indígenas, a comunidade indígena está evidenciando para a sociedade, em geral, que não está pedindo favor, mas, sim, lutando para que as suas diferenças culturais sejam aceitas nesse mundo acadêmico que sabe desvendar teorias, mas que, às vezes, não consegue compreender o próximo.
          Hoje, na UFSM, existem dois caminhos para que o estudante indígena tente o ingresso no mundo acadêmico: Processo Seletivo Indígena e ENEM. Diante disso, não só a população indígena ganha com essas possibilidades de ingresso, mas, sim, a comunidade acadêmica inteira. Isso porque, no contato com tradições e valores diferentes, ganhamos a oportunidade de contemplar novos pontos de vista. Infelizmente, na UFSM, nem todos os estudantes e os funcionários estão preparados para receber e acolher a população indígena. Tenho tal percepção, porque percebo que não há muito interesse, por parte de algumas pessoas, em interagir com os estudantes indígenas. Entretanto, não sejamos hipócritas. Tais barreiras não existem apenas no meio acadêmico. Que possamos, assim com a UFSM está fazendo, propor o acolhimento e a aproximação cultural.                  
          O Processo Seletivo Indígena, portanto, existe para que seja garantido o direito da comunidade indígena de ingressar no mundo acadêmico. No próximo dia 18 de dezembro, estarão sendo realizadas, na Universidade Federal de Santa Maria, as provas do referido processo seletivo. Que esse processo seletivo signifique a materialização da luta diária da UFSM para que o estudante indígena se sinta cada vez mais acolhido e bem amparado.  

***


Publicado:


Diário de Santa Maria - 17/12/2016


***