sábado, 25 de abril de 2020

Placar parcial: Vida 6 x 0 Aborto



          Na sexta-feira passada (24), o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do plenário virtual, começou a analisar a ADI 5581 (Ação Direta de Inconstitucionalidade). Essa ADI pede a legalização do aborto em caso de microcefalia, causada por zika vírus. Os ministros do STF têm prazo até o dia 30/04/2020 para emitir parecer sobre a referida ADI. Entretanto, já, no sábado (25), o STF formou maioria contra a referida ADI: por 6 votos a 0. Se tivesse recebido parecer favorável, tal ADI poderia abrir precedente para que o aborto fosse legalizado de forma mais ampla futuramente no país. Veja bem, aqui não escrevo sobre os casos específicos nos quais, por lei, o aborto é permitido.
          O posicionamento contrário do STF em relação ao aborto precisa ser ressaltado e comemorado. Isso porque a suprema corte votou de acordo com o que pensa a maioria dos cidadãos brasileiros. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, 75% dos brasileiros são contra o aborto. A mortalidade materna é, sim, uma questão de saúde pública. Entretanto, as mazelas da nossa saúde pública se resolverão com maiores investimentos no nosso Sistema Único de Saúde, e não com a interrupção deliberada da gestação.
          A afirmação de que “a legalização do aborto diminui os casos de aborto” é falaciosa. No Uruguai, no primeiro ano após a legalização do aborto, em 2013, houve 4.000 abortos. Nesse mesmo país, em 2014, houve 8.000 abortos. Segundo o Dr. Elard Koch, a projeção é de que, em 15 anos, no Uruguai, ocorra cerca de 30.000 a 35.000 abortos ao ano. Em contrapartida, no Chile, onde há criminalização do aborto, o índice de mortalidade materna é baixo. No Chile, o índice de mortalidade materna foi de 275 óbitos a cada 100.000 nascidos vivos, em 1960, para 13 óbitos a cada 100.000 nascidos vivos, em 2017.
          Em 1993, a Polônia passou a criminalizar o aborto com restrição semelhante a que ocorre no Brasil. Como resultado disso, em 2015, o referido país apresentou índice de mortalidade materna de 3 óbitos a cada 100.000 nascidos vivos. Fica evidente que legalizar o aborto não implica em redução da mortalidade materna nem implica também em redução do número de abortos. A redução da mortalidade materna passa por uma maior atenção que deve ser empreendida em relação ao nosso sistema de saúde e não tem relação direta com a interrupção da gestação, como argumentam alguns “especialistas”.
           O STF, portanto, ao não dar parecer favorável a ADI 5581, votou em favor da vida. Além disso, não deu chance para precedentes futuros em favor do aborto. Ademais, votou de acordo com o que pensa a maioria dos cidadãos brasileiros. Diante de tempos difíceis, não podemos deixar de ressaltar os bons acontecimentos. Tais acontecimentos nos dão força para seguir enfrentando os embates do cotidiano sem desanimar. Sigamos atentos!



sexta-feira, 10 de abril de 2020

Precisamos cuidar dos nossos idosos


          Diante da pandemia que estamos enfrentando, cresce ainda mais a importância de sabermos como compreender e manejar as necessidades da população idosa. Isso, porque, entre outros aspectos, o envelhecimento evidencia também uma dificuldade de adaptação ao ambiente. Além disso, saibamos que não é normal uma pessoa idosa apresentar quadro de depressão, infecção urinária nem perda de memória, por exemplo. Tais quadros clínicos exigem investigação criteriosa. Com o objetivo de melhor compreender os idosos e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população idosa, hoje conversaremos sobre imunização, por meio de vacinação, prevenção primária, secundária e terciária.

          Entre as recomendações da prevenção primária de saúde – aos idosos – estão: dieta balanceada, atividade física, cessação do tabagismo, evitar o consumo de álcool e estar sempre com a carteira de vacinação em dia. A dieta balanceada se faz necessária, visto que desnutrição e perda de peso estão relacionadas com perda funcional do idoso. A atividade física rompe o sedentarismo e modifica os fatores de risco para doenças causadoras de incapacidade. Além disso, o idoso precisa ser encorajado a abandonar o tabagismo, porque, assim, entre outros motivos, ficará distante da chance de desenvolver Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, por exemplo. Quanto ao consumo de álcool, deve ser evitado, já que alcoolismo se relaciona, intimamente, com câncer de fígado, cirrose hepática e hepatite, por exemplo.

          Da prevenção secundária, faz parte o rastreio de doenças em idosos assintomáticos. Tal ação se faz necessária, porque o diagnóstico precoce de uma doença permite intervenção que trará benefícios ao paciente. Por meio do raciocínio clínico apurado e da anamnese (entrevista) feita com o idoso, pode-se precocemente rastrear neoplasias, doenças metabólicas (obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, por exemplo), osteoporose, depressão e aneurisma de aorta abdominal, para citar apenas alguns exemplos. Quando há doença estabelecida, “entra em campo” a prevenção terciária. Tal recurso tem como objetivo manter a funcionalidade ou tentar recuperar o patamar anterior da saúde do idoso. Frequentemente, a prevenção terciária conta com equipe multiprofissional na assistência aos idosos.

         Para, portanto, cuidarmos da melhor maneira dos nossos idosos, precisamos estar atentos ao que é recomendado pela prevenção primária, secundária e terciária de saúde. Além disso, precisamos auxiliar os idosos no acompanhamento do calendário nacional de vacinação. Ao compreendermos as necessidades e aflições da população idosa, melhor poderemos protegê-la. O inverno se aproxima. Em razão disso, faz-se necessário que todos os cidadãos assumam o compromisso de zelar pelo bem-estar, pela dignidade e pela saúde do idoso. À medida que a solidariedade com os idosos aumenta, o poder de ação do Covid-19 diminui – e muito.