sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Relações Superficiais

      
                                
( Publicado no jornal Diário de Santa Maria )
   
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       Diante da superficialidade de uma parcela considerável dos relacionamentos contemporâneos, proponho uma abordagem diferente do referido tema. Já que - teoricamente - moramos no país do futebol, faço uma analogia entre esse esporte e os projetos de relacionamentos existentes na atualidade. Tal relação se faz possível, visto que as pessoas estão preferindo as "jogadas infrutíferas" ao "jogo bem elaborado". No futebol, o máximo que se perde, em função do uso de estratégias indevidas, são três pontos. Na vida real, entretanto, perde-se mais do que meros três pontos.
          Frequentemente, em função das decepções sofridas, os indivíduos deixam de investir em relacionamentos duradouros, Dessa forma, optam por aplicar as esperanças em relações infrutíferas: mero lances. Infelizmente, não percebem que os laços propostos, por esse tipo de relacionamento, desfazem-se tão depressa quanto são feitos. consequentemente, tais pessoas se tornam especialista em reclamar dos resultados obtidos nas relações amorosas e fecham os olhos para os equívocos cometidos. Além disso, não se dão conta de que uma derrota, nos relacionamentos amorosos, não significa uma eliminação no jogo da vida, mas sim uma nova oportunidade para recomeçar.
          Assim como há os que optam pelas relações voláteis em razão do medo de uma nova decepção, existem também aqueles que optam pelos relacionamentos sem compromisso, simplesmente, por viverem em função de um exibicionismo social. Esses últimos acreditam que quanto mais parceiros (as) tiverem, melhor serão vistos pelos familiares, amigos ou colegas. Caem no erro de investirem em quantidade em detrimento da qualidade dos vínculos afetivos que tentam estabelecer. Consequentemente, assinam e entregam para si um atestado de imbecilidade. Isso porque, ao viverem de atitudes infantis, eliminam muitas das possibilidades de relacionamento disponibilizadas pela vida. Devido a esse "esquema tático" adotado, passam os dias a lamentar as derrotas que poderiam ter evitado. 
           Percebe-se, portanto, que a opção por um relacionamento - sem compromisso - proporciona ao ser humano uma experiência degradante e enganosa. Isso porque, não raro, o vínculo frágil, construído por esse tipo de relação, costuma não resistir aos primeiros focos de conflito. Por fim, se um indivíduo conhece os riscos de determinado caminho e, mesmo assim, opta por ele, que tenha, no mínimo, a integridade de não culpar os outros pelo próprio fracasso no jogo da vida.


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Publicado:

Diário de Santa Maria, RS - 2015




        

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