quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Processo Seletivo Indígena da UFSM

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Autoria:
         
Cacique Natanael Claudino – Coordenador do Processo Seletivo Indígena da UFSM


Daniel Fernando Campos – Estudante de Medicina


Anderson Luís Pires Silveira – Estudante de Medicina



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         “A universidade ainda não está pronta para receber os estudantes indígenas. Ela estará pronta, assim que conseguir trabalhar com as nossas diferenças”. Tais palavras foram ditas pelo Cacique Natanael Claudino – representante da etnia Kaingang e da etnia Guarani – enquanto ele me explicava o quanto o Processo Seletivo Indígena da UFSM é importante não só para a população indígena da região central do Rio Grande do Sul, mas também para a população indígena do país inteiro. 
          Segundo o Cacique Kaingang Natanael Claudino, o Processo Seletivo Indígena é uma conquista dos movimentos sociais indígenas juntamente aos professores indígenas, aos estudantes indígenas e aos diversos profissionais que auxiliam no cotidiano das aldeias. Diante desse relato, pude perceber o quanto as lideranças indígenas, diariamente, empreendem embates para defender os direitos que têm. Além disso, nitidamente, percebi o quanto, por meio dos movimentos sociais indígenas, a comunidade indígena está evidenciando para a sociedade, em geral, que não está pedindo favor, mas, sim, lutando para que as suas diferenças culturais sejam aceitas nesse mundo acadêmico que sabe desvendar teorias, mas que, às vezes, não consegue compreender o próximo.
          Hoje, na UFSM, existem dois caminhos para que o estudante indígena tente o ingresso no mundo acadêmico: Processo Seletivo Indígena e ENEM. Diante disso, não só a população indígena ganha com essas possibilidades de ingresso, mas, sim, a comunidade acadêmica inteira. Isso porque, no contato com tradições e valores diferentes, ganhamos a oportunidade de contemplar novos pontos de vista. Infelizmente, na UFSM, nem todos os estudantes e os funcionários estão preparados para receber e acolher a população indígena. Tenho tal percepção, porque percebo que não há muito interesse, por parte de algumas pessoas, em interagir com os estudantes indígenas. Entretanto, não sejamos hipócritas. Tais barreiras não existem apenas no meio acadêmico. Que possamos, assim com a UFSM está fazendo, propor o acolhimento e a aproximação cultural.                  
          O Processo Seletivo Indígena, portanto, existe para que seja garantido o direito da comunidade indígena de ingressar no mundo acadêmico. No próximo dia 18 de dezembro, estarão sendo realizadas, na Universidade Federal de Santa Maria, as provas do referido processo seletivo. Que esse processo seletivo signifique a materialização da luta diária da UFSM para que o estudante indígena se sinta cada vez mais acolhido e bem amparado.  

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Publicado:


Diário de Santa Maria - 17/12/2016


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